Antes de montar seu time, digo sua carteira de investimentos, você precisa se conhecer profundamente e saber o que está em jogo nessa temporada.
Se você é do tipo retranqueiro e acha que tem uma boa defesa, que garante o resultado nos pontos corridos, você vai precisar de mais jogadores de defesa e meio campo do que jogadores de ataque. Agora se você é do tipo Sampaoli, no qual a melhor a defesa é o ataque e não importa quantos gols você tome desde que você faça mais do que o adversário, aí você precisará de muitos atacantes para aguentar o ritmo intenso de jogo.
Nós montamos uma seleção baseada em três perfis de técnicos (investidores). E aí, vamos aprender com os professores do futebol?
Pai da Retranca (Perfil Conservador) – José Mourinho
(4-2-3-1)
Mourinho é responsável pela popularização das ideias de se defender em linhas bem juntas e posicionadas na entrada da área, conhecida como linha de handball.
Quando conquistou a Liga dos Campeões em 2010, usou um esquema para lá de defensivo com direito a centroavante de origem marcando o lateral adversário. O retranqueiro usaria em sua carteira de investimentos muitos ativos de renda fixa para compor sua zaga e evitar oscilações; ou empata ou não perde.
No seu gol ele teria como opção algumas CDBs de bancos com boa classificação de risco, sempre de olho no limite do FGC para garantir. E para o caso de o VAR não anular o pênalti, sua zaga seria composta por renda fixa de liquidez diária para uma saída de bola mais rápida e também um fundo de crédito privado bem selecionado, garantindo um pouco mais de técnica (retorno) na área.
No meio campo Mourinho usaria dois volantes “carregadores de piano” para segurar o meio adversário e marcar o contra-ataque: um Tesouro IPCA (de vencimento curto ou longo, a depender se o jogo é dentro ou fora de casa) e um fundo de debêntures incentivadas. Seus alas e seu meio ofensivo seriam ativos multimercado sem muita exposição à bolsa. O foco desses meias estaria em marcar, mas sem deixar de sair jogando em um contra-ataque rápido para buscar o resultado.
E por fim, nosso centroavante do pai da retranca seria um outro fundo multimercado com maior exposição à bolsa. O “falso nove”, aquele que está lá para marcar o gol, mas que também ajuda quando está sem a bola e precisa defender.
Estilo Adenor (Perfil Moderado) – Tite
(4-1-4-1)
Nosso querido comandante Adenor Leonardo Bacchi é nossa escolha para um jogo equilibrado. Quem de nós, seres dotados de emoções extremas, não se acalma ou enlouquece com tamanha moderação na fala do técnico, tanto na derrota quanto na vitória?
Tite tem um estilo de jogo bem moderado e, como característica marcante, uma compactação da defesa que consiste na capacidade do time de se reagrupar rapidamente, mantendo defesa, meio e ataque próximos, a fim de defender a própria meta.
Outro ponto importante é a transição ofensiva rápida. Uma vez que o time compactado recupera a bola, é importante sair em velocidade para pegar o adversário mal postado. Para isso, utiliza toques verticais, deixando os zagueiros adversários sem cobertura e, portanto, vulneráveis ao “mano a mano” frente a seus atacantes.
Nosso Buda da moderação usaria um sistema defensivo com dois laterais formados por fundos de renda fixa com liquidez diária para dar vazão rápida ao ataque se fosse preciso (Liquides para entrar em ofertas públicas, como IPOs, fundos imobiliários, papeis atrativos estratégicos, etc.).
Na zaga, seria um renda fixa crédito privado bem selecionado com intuito de defender com qualidade e marcar nossos gols de escanteio (apesar de um risco maior que papéis atrelados a títulos do tesouro, a volatilidade é muito próxima uma da outra, porém a rentabilidade é superior) e um fundo de debentures incentivadas para garantir que a bola não será perdida para o imposto de renda.
No gol, assim como Mourinho, um bom CDB com o limite de garantia do FGC, afinal de contas Tite não quer susto debaixo das traves.
Já no meio, teríamos um cão de guarda (o primeiro volante), responsável exclusivamente pela marcação, esse seria um renda fixa atrelada à inflação. Dessa forma, jogaríamos mais próximos a defesa e teríamos qualidade para sair tocando. Os fundos de inflação têm uma volatilidade mais alta que os ativos comuns de renda fixa, mas no geral sua rentabilidade é superior. Mais à frente, ainda no meio campo, usaríamos dois fundos multimercados com baixa exposição à bolsa de valores, para controlar o meio e ter qualidade no toque de bola, um fundo multimercado arrojado com um pouco mais de exposição para armar as jogadas e um fundo de ações bem diversificado para apoiar o atacante e finalizar de longe.
Já o ataque seria um fundo de ações agressivo podendo ter um pouco de alavancagem para marcar o gol do título.
Futebol Total (Perfil Arrojado) – Rinus Michels
(4-1-2-3)
Com um futebol inovador e ofensivo, Rinus Michels mudou a história do futebol mundial com o famoso Carrossel Holandês de 1974. Seus jogadores alternavam de posição fazendo com que todos atacassem e todos defendessem, criando assim o conceito de futebol total.
Usava uma linha avançada para fazer pressão no time adversário e forçar o erro para um contra-ataque rápido e preciso. Responsável por frases como “O futebol não é de quem acerta mais, mas de quem erra menos”, “Ganha quem souber explorar melhor as falhas alheias” e “Para mim, o melhor ataque é a defesa”, Rinus provavelmente seria bem versátil em sua carteira de investimentos.
O dono do Carrossel Holandês provavelmente colocaria no seu gol um ativo de renda fixa com liquidez diária para defender e sair jogando com os pés, caso precisasse. A dupla de zaga seria formada por dois ativos de renda fixa crédito privado para dar corpo a defesa. Na lateral direita, ele colocaria um ativo com liquidez, de grande velocidade para aproveitar as oportunidades no ataque e também se concentrar na marcação; do outro lado, estaria um renda fixa atrelada a inflação, preocupado em apoiar os jogadores de ataque e cobrir os jogadores de meio.
Seu meia de contenção seria um fundo multimercado sem muita exposição à bolsa para apoiar o ataque e cobrir as linhas defensivas. Seus dois meias de criação seriam mais fundos multimercados com um pouco mais de exposição e com mais liberdade para atacar.
A formação de ataque de Rinus Michels seria formada por: uma carteira de dividendos, que se movimenta a depender do jogo buscando as melhores oportunidades para marcar; alguns fundos imobiliários, para aproveitar o pagamento de aluguel isento de imposto de renda e ainda ganhar na valorização da cota; e, por fim, um fundo de ações matador para aproveitar a falha da defesa (ou as oscilações de mercado) para marcar belos gols e sair para o abraço.
E aí, qual é o seu estilo de jogo?